Redação
O Portal de notícias “Transparência News” promete trazer à ribalta uma série de denúncias sobre tráfico de influência e corrupção, que afectam negativamente a gestão do dinheiro público e igualdade de oportunidade à outras empresas desenvolverem as suas actividades no país.
O pontapé de saída para esta missão espinhosa e hercúlea será dado com o retrato da VAMED Angola. Trata-se de uma empresa austríaca, que conta com uma sucursal em Angola, sediada no município de Viana, capital do país, desde 4 Setembro de 2013. De acordo com os dados da Repartição Fiscal de Luanda, a sua estrutura accionista é composta por indivíduos austríacos e angolanos.
A empresa que tem como lema “Saúde, cuidado, vitalidade” (Health, care, vitality), actua essencialmente no ramo da construção civil, onde aparece como o grande “papão” dos ajustes directos no sector da saúde em Angola.
O grupo empresarial austríaco agigantou-se, em tempo record, fruto da ligação que tem com indivíduos “palacianos”, apelidados carinhosamente de novos Marimbondos ou Caranguejos.
O principal rosto da VAMED Angola é Lourenço Duarte. O cidadão de nacionalidade angolana é sócio de Frederico Cardoso, antigo Ministro Chefe da Casa Civil do Presidente da República e actual Embaixador de Angola no Reino da Arábia Saudita.
O casamento entre Duarte e Cardoso foi selado por via de uma sociedade na companhia aérea Air 26, subsidiária do grupo Ducard, tal como referem as fontes que não quiseram ser identificadas.
Fruto do excessivo tráfico de influência, o grupo esteve associado a logística de processos eleitorais em Angola, em operações em grande medida, dominadas por deslocações aéreas. Aliás, estamos a nos referir da mesma empresa que viu três aviões a serem penhorados pela justiça angolana em função das dívidas contraídas ao Banco BIC.
Contudo, apesar do afastamento de Frederico Cardoso dos corredores do Palácio da Cidade Alta, o tráfico de influência e corrupção à favor da VAMED Angola continua em alta com novos protagonistas, caracterizados como “Homens de confiança da Presidencia da República”, que usufruem de comissões milionárias pelas obras que a empreiteira recebe de mão beijada, ou melhor, sem concurso público.
Empresários e especialistas do sector da construção mostram-se agastados com o proteccionismo e contratação simplificada em benefício da empresa, que “caiu na graça” do Presidente angolano, quando o assunto em causa for empreitadas no sector hospitalar.
“Não se consegue compreender como é possível uma empresa que apresenta dificuldade de concluir uma obra continua a ser privilegiada nos ajustes directos. O pior é que, ultimamente, a VAMED ganha as obras e depois subcontrata à empresas locais, como aconteceu, recentemente, na província de Benguela, concretamente com a obra para o Hospital Regional da Catumbela”, exclamou a fonte.
A nossa fonte garante que a “rainha da adjudicação directa” do sector da saúde denota sérias limitações técnicas na execução das empreitadas, registando de forma recorrente sucessivos atrasos, como se observou na obra do Hospital Geral de Viana, mas ainda assim milagrosamente, continua a merecer prioridade dos “iluminados” que representam o Estado angolano.
A 18 de Novembro de 2023, o Novo Jornal divulgou uma notícia intitulada “VAMED ‘deixa cair’ hospital de referência para catumbela, unidade presente nos discursos do PR”, numa clara alusão do mau serviço prestado por uma empresa que ganha num estalar de dedos rios de dinheiro público, sem, no entanto, prestar um serviço digno de realce.
O “Transparência News” sabe que a empresa austríaca conta ainda com duas empreitadas na província do Huambo, mormente o Hospital Militar Regional, no bairro Lossambo, e o Hospital Pediátrico, no município do Bailundo. As duas infraestruturas em construção têm um elemento em comum, que já se tornou uma marca da VAMED: atraso significativo da obra, apesar do Estado ter feito pagamentos a tempo.
Entretanto, o grupo VAMED Angola actua com duas empresas: VAMED Health Projectos Italy e VAMED- Comércio e prestação de serviço, Lda. A VAMED Health Projectos Italy, Sucursal em Angola, tem a sua sede em Luanda no município da Luanda, distrito urbano de ingombota, com um capital afecto: Kz. 21.000.000,00 (vinte e um milhões de Kwanzas). Tem como epresentante legal Leonardo Zauli, casado, residente em Austrália.
Por sua vez, a VAMED- Comércio e prestação de serviço, Lda, com sede em Luanda, distrito urbano da Maianga, tem como objeto social: gestão, distribuição, exploração e manutenção de equipamentos hospitalares, actividades farmacêuticas e gestão de todo o tipo de unidade hospitalar, com capital de Akz: 1.400.000,00 (um milhão e quatrocentos mil kwanzas). A referida empresa tem como sócios e quotas: Vinícios Emanuel pontes Frederico, casado com Ana Paulino Da Costa Faria Frederico, sob o regime da comunhão de adquiridos, residente em Luanda, município de Viana, distrito urbano da Estalagem, Bairro km A, rua sem número (s/n), casa s/n; e Ana Paulino da Costa Faria Frederico, casada com o primeiro sócio sob o regime de supramencionado, no bairro mulenvos, em Luanda.
Portanto, enquanto a VAMED Angola tiver os seus tentáculos ligados à Presidência da República, a empresa austríacos vai continuar a trilhar, os labirintos da corrupção em Angola, colecionando obras em todo território nacional.